segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Cadê, Princesa Isabel? Texto de Osmundo Pinho.

Escrito em 2007, a apresentação do livro Cadê, Princesa Isabel? Segue encantadoramente atual! BOA LEITURA!!!


No novo horizonte de expansão dos direitos e da renovação da democracia, que se anuncia na alvorada do século XXI, o espaço da escola e as práticas educativas desempenham papel primordial. Graças à décadas de pesquisa continuada, sabemos que, infelizmente, a escola é também um espaço de reprodução do racismo, dos preconceitos de gênero, da discriminação contra homossexuais, etc. A reprodução dos preconceitos na escola compõe a base para sua reprodução no conjunto da sociedade. Quer seja pela inadequação dos currículos ou do material didático; pela falta de capacitação, condições de trabalho ou sensibilidade dos educadores; ou por condições estruturais mais amplas. As desigualdades que estruturam nossa sociedade incidem na sala de aula, comprometendo a formação das crianças e jovens, sua auto-estima e sua capacidade de agirem no futuro como cidadãos livres de preconceitos.

Felizmente, o diagnóstico da situação motivou a ação consciente e responsável de pesquisadores, ativistas e militantes, e podemos saudar agora a emergência de uma série de iniciativas voltadas para reverter esse quadro. Muitas delas enquadradas sob a égide da lei federal 10.639 que institui a obrigatoriedade do ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira e Africana no ensino médio e fundamental em todo o Brasil.

Este saboroso livro, que tenho o prazer de apresentar, se inscreve nesse processo de ressignificar a escola e suas práticas, no caminho de uma pedagogia anti-racista. E faz isso muito bem, partindo do cotidiano de uma escola que poderia ser qualquer uma em qualquer comunidade do Brasil. Nessa escola, um grupo de jovens e motivados alunos de todas as raças/cores, interagem entre si, com os professores e funcionários e, mais importante, com os próprios preconceitos, para, ao montar um espetáculo teatral para a semana da Consciência Negra, reinterpretar as tradições e a história da presença negra no Brasil, de um ponto de vista leve e divertido, sem perder de vista a seriedade do empreendimento. Ao questionarem “Cadê a Princesa Isabel?” questionam a si mesmos e nós todos sobre os espaços de liberdade e de diversidade que temos sido capazes de criar, sustentar e transmitir como um patrimônio a nossas crianças e jovens.



O Prof. Dr.Osmundo Pinho.
Antropólogo. Doutor em Ciências Sociais (UNICAMP).
Professor Adjunto na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia,
campus de Cachoeira.









Retirado do blog: http://cadeprincesaisabel.blogspot.com.br/2007/05/cad-princesa-isabel-apresentao.html?spref=fb


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